sexta-feira, 5 de outubro de 2007

DIA DOS ANIMAIS




Ontem foi Dia dos Animais...
Deve ter havido uma grande comemoração
porque soltarem-nos a todos!
Não percebo porquem,
andam sempre a trocar os dias dos dias!
Então se o Dia dos Animais sempre foi a 8 de Março
que jeitos agora passar para 4 de Outubro...
Não sei!
O que eu sei
é que
hoje é o dia do meu desabafo!
Sou vítima de agressões

umas atrás das outras
daquela animala...

Ontem de noite
fui sair com a Escanzelada mais a Desgraçadinha

para beber o chá.
Fomos à da Macharrona, essa malvada,
que a Desgraçadinha ainda não conhecia...

A Desgraçadinha é uma também
que costuma andar nas festas com a gente...
Ela é a Desgraçadinha por causa do fado,
mas agora ela já se desligou disso.
Era assim:
Ela e a Fadista eram muito amigas
que a Desgraçadinha até lhe recolheu-lha lá em casa
numa altura em que a Fadista andava fugida
do Viola por causa dos dinheiros das cantorias...
Só que a Fadista, durante o recolhimento,
começou a meter os homens lá em casa.
A Desgraçadinha que é pura e casta,

já não suportava aquela chafurdice
e punha-se assentada no poiol da porta
à espera que os homens saissem,

para ela entrar...
Ora, mesmo quando eles saiam cedo

ela já não podia dormir
porque se tinha que deitar em cima do chafurdado

e isso ela não queria que dáva-lhe vómitos.
A Desgraçadinha, um dia,

não aguentou mais e disse-lhas todas.
Não foi coisa que ela fizesse...
A Fadista, que é uma bebeda

foi entornar para as vendas todas
uma mão cheia de injurias e mentirices...

Bom,

quando chegámos à da Macharrona,
então não é que a Macharrona, ela própria
me começou logo a agredir!
Eu sou uma vítima de agressão...
Isto é quase violência doméstica...
é pior, é violência selvástica...
Mas eu um dia, vou-lhe coser a boca ao sapo...
Aquilo são tudo invejas...
Eu ainda só não sei se é de mim

se é da Escanzelada...
A mim sempre me pareceu que era de mim...
O jeito que ela olha para mim...
Que eu às vezes faço que não vejo...
mas estou a ver...
E já lha apanhei-lhe
assim com os olhos feitos boga
e os lábios como aqueles caezinhos
que têm os dentes de baixo para a frente...
a olhar-me de inveja para os meus cabelos...

Ó mulher solta-te...
Tás sempre a reter a reter...
Não sabes como me há-des tocar,
agrides-me?...
És pior que a Zarolha
não me podes ver com ninguém...
Tem espinha, tem osso, tem coida
mas não me deslargas...
Deslarga-me mó!
Ó queres é a Escanzelada?
Fica com a Escanzelada!
Cada uma gosta da que gosta...
e ninguém tem que olhar para o prato da outra!
(E ainda menos falar do que a outra anda a comer!)

Agora,

andares-me a bater
como se eu fosse um capacho
é que não...

Que eu cá não tenho culpa
que a tua amiga, a Prucelina
(que era a tua melhor amiga...
a melhor pessoa do mundo,
como as outras todas que te têm enganado)
Eu não tenho culpa que ela
te tenha limpado o pé de meia
que tinhas junto
para fazeres as proteses aos dentes...
Moça, até parece que não te avisaram...
que não te deixarem uma carta anónima
que eu não sei quem foi
que pôs lá isso
àquelas horas da noite
por debaixo da porta
Mas tu teimaste,
não quisestes acreditar em quem é tua amiga!
Tivestes que fazer o teste do algodão?

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