sábado, 1 de setembro de 2007

PORFÁCIO




O mê sonhe é ter um Salão de Cabeleireira!
Será qué pedir muite?
Toda a vida trabalhi no rame...
tenhe ganhade prémes e prémes...
No Salão da Maria Balofa, onde trabalhava,
as madames só criem as minhas mãzinhas d'ore...
Tenhe curses, de cabeleireira e calista.
Ê cá estudi...

Só quessas invejosas que andem praí
dá-lhes raiva das minhas ambições...
Pecádequelas são umas parideiras
que querem viver à conta dos marides e dos amantes...

Os filhes andem prái, são uns vádiasses...
Só fazem avarias destroem tude...
As filhas andem metidas com os drogades
parecem... sei lá o quê...
Com aqueles olhes
que parecem que levarem com o ferrade de choque...
Aquelas bêças todas pentelhadas...

Pecá dessas mães que passem a vida nos cafés...
a beber galoezinhes a meias com meias terradas
e tão lá as tardes enteras
a falar mal das vidas das outras!

Vão trabalhar porcas...
enfiem as mãos no tanque!

Uma pessoa passa ó largue delas
fiquem olhande entre mei dos dedes,
a tapar as fuças...

Parecem umas virgens ofendidas!
Devem ter precriade per carta
querem lá ver...

Moças metade de vocês
tiverem filhes de 7 meses
e algumas de 6...

Vão-se lavar vão-se

E àdespois é quem quiser vê-las

a fazerem o sinal
quande passem em frente ó Senhor dos Aflites

Mai na vêem quisse
são só figuras tristes que tão fazende?


Pois cá ê
Deus me livre de ser coméssa gente
sou uma pessoa
Também fasse o sinal quande lá passe
mas éi sentide...
que ê cá não me mete na vida de ninguém...
Orgulhe-me que ninguém possa dizer
seja o que fosse
que da minha bequinha tenha saíde
conversas sobre a vida de alguém!
Sé pra isse que cá vênhenh
baterem na porta enrrada

Quê cá só tou aqui
perque precise dum desabafe
quê já não aguente este pese
quê cá tenhe em cima de mim
Esta inveja...
Má pecádequenhe?!
Diguem-me pecádequenhe?!

Mas não é isse que vai fazer deixar de ser come sou...
Nem me vão conseguir envenenar contra umas e outras
Disse tejem certas...
Quê fique ceguinhas destes dois olhinhes...
que me caem este dentinhes todes cainda tenhe...
Que iste quê digue na é mai certe que certe
Olaricas!

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